Pela primeira vez desde o início dos depoimentos na CPI da Braskem, um representante da mineradora compareceu para prestar esclarecimentos. Marcelo Arantes, responsável pelas áreas de Pessoas, Comunicação, Marketing e Relações com a Imprensa da petroquímica, admitiu que a empresa tem "culpa" no processo de afundamento do solo em bairros de Maceió.

Durante o depoimento, Arantes afirmou que, após encerrar as atividades de extração de sal-gema na região, a prioridade da Braskem foi garantir a segurança das pessoas nas áreas afetadas. Segundo ele, a empresa ofereceu toda a estrutura necessária para a realocação dos moradores. "A Braskem tem sua culpa nesse processo e nós assumimos a responsabilidade por isso", declarou.

O representante da Braskem também mencionou que a empresa seguiu todas as normas técnicas estabelecidas para a realização das atividades de exploração e era acompanhada pela agência reguladora do setor.

No entanto, Arantes admitiu desconhecer diversos temas técnicos e não foi capaz de responder perguntas sobre faturamento, margem de lucro, ausência de um geólogo no acompanhamento das ações da empresa, supostos cortes de investimentos e instabilidades geológicas anteriores. Essa falta de respostas foi criticada pelos senadores presentes na CPI.

Apesar das limitações do depoimento, tanto senador Rodrigo Cunha quanto o relator, senador Rogério Carvalho, destacaram que essa foi a primeira vez que um representante da Braskem admitiu a culpa da mineradora pelos danos causados em Maceió.

A CPI da Braskem foi criada para investigar os efeitos da responsabilidade jurídica e socioambiental da mineradora. O prazo inicial de funcionamento é até o dia 22 de maio, podendo ser prorrogado. A convocação do vice-presidente de Operações da Braskem, Marcelo Cerqueira, foi aprovada para prestar esclarecimentos técnicos. A realocação dos moradores afetados e as compensações realizadas pela empresa também foram abordadas durante o depoimento de Arantes.